quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Acordei com isso na cabeça (parte 2)

[...]
   Duas horas se passaram e ela ainda estava ali. A sede veio, o cansaço também, mas ela não quis ceder. Continuou a caminhar e estava disposta a só sair dali quando finalmente pensasse em como seria feliz de novo. Aquele trágio acidente tinha tirado muitas coisas dela, mas ela pretendia encontrar outras para substituí-las.
   Quando tudo deu errado e ela fugiu para tentar esquecer, foi quando ela mais sentiu. A saudade veio forte, o medo... e a solidão consumindo-a a cada segundo do dia. Se afundou no trabalho disposta a deixar a vida antiga para trás, mas era aí que ela sentia-se mais perseguida pelo sofrimento.
   Afastou de novo todos aqueles pensamentos horríveis. O dia estava magnífico! Era isso que ela queria pensar. Passou a observar as pessoas a sua volta e começou a criar teorias sobre quem elas eram. Tomou gosto pela brincadeira e resolveu sentar-se por um tempo.
   Um casal de idosos juntos há 52 anos, uma babá que tomava conta de uma criança que era meio deixada de lado pelos pais, um jovem que acabara de se mudar para a cidade... Opa, aquilo lhe chamou a atenção! Ela já tinha criado milhares de teorias naquela manhã, mas aquela foi a que mais a impressionou.
   Era como se ele fosse uma parte dela... Aqueles olhos de um azul profundo cheio de sentimentos perdidos, aquele cabelo perfeitamente bagunçado pelo vento, as bochechas rosadas por causa do Sol. Ela ficou ali parada, sem conseguir reagir. Milhares de pesamentos diferentes em sua cabeça começaram a confundí-la.
   Saiu correndo do parque e voltou para casa. [...]

Nenhum comentário:

Postar um comentário